Terra em Transe

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O Cineclube Vladimir Herzog exibiu em agosto o filme de Glauber Rocha, Terra em Transe- 1967, que após 50 anos simbolizou um delírio na época. Um drama que foi roteirizado e dirigido por Glauber Rocha e simbolizou um dos ícones do Cinema Novo. Considerado o mais importante e polêmico filme do cineasta baiano, em novembro de 2015 o mesmo entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Representando assim, um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

O filme pode ser lido como uma grande parábola da história do Brasil no período 1960-66, na medida em que metaforiza em seus personagens diferentes tendências políticas presentes no Brasil no contexto. Realiza uma exaustiva crítica de todos aqueles que participaram desse processo, incluindo as diferentes correntes da chamada esquerda brasileira. Esse foi um dos motivos pelos quais foi tão mal recebido pela crítica e pelos intelectuais nacionais. Em planos de filmagem incomuns, Glauber exibe de forma poético-política as contradições do nascimento e da colonização de Eldorado, permeadas pela tradição cultural brasileira, fazendo alusão ao momento político vivido pelo Brasil, em plena ditadura militar.

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Considerado pela escritora francesa Marguerite Duras ‘uma fabulosa obra cinematográfica’, o terceiro longa de Glauber foi inovador em sua linguagem alegórica, lançando as bases para o movimento tropicalista. Na época de sua estreia o filme levou inclusive o troféu Luís Bruñel prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cannes (1967).

Após a transmissão houve um belo debate- roda de conversa, com o critico de cinema e curador de mostras e festivais cinematográficos, Adilson Mendes e do cineasta e artista multimídia Pedro Paulo Rocha, filho de Glauber Rocha. O Cineclube também apresenta, entre outras questões, uma parceira com o Sindicato dos Arquitetos do estado.

Nos anos 70, Glauber Rocha produziu o “Leão de Sete Cabeças”, que foi gravado no Quênia, e “Cabeças Cortadas”, produzido na Espanha. O seu último filme foi “Idade da Terra”. Ele foi um dos cineastas responsáveis pelo movimento da vanguarda intitulado ‘Cinema Novo’. Foi criado na religião da mãe, protestante, membro da Igreja Presbiteriana, por ação de missionários norte-americanos da Missão Brasil Central.
Alfabetizado pela mãe, estudou no Colégio do Padre Palmeira – instituição transplantada pelo padre José Luiz Soares Palmeira de Caetité (então o principal núcleo cultural do interior do Estado).  Em 1947 mudou-se com a família para Salvador.

Ali, escrevendo e atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas. Participou em programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores, e até do movimento estudantil. Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema. Queria uma arte engajada ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade. Era visto pela ditadura militar,  que se instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo.

Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou totalmente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador.

Em 2014, documentos revelados pela Comissão da Verdade indicaram que o governo militar pretendia matar Glauber Rocha, que se encontrava exilado em Portugal. O relatório foi produzido pela Aeronáutica, e descreve Glauber como um dos líderes da esquerda brasileira. A monitoração de Glauber era feita através de entrevistas que ele concedia a publicações europeias, criticando o governo militar e a repressão promovida por ele, considerando seus depoimentos um “violento ataque ao país”

Glauber de Andrade Rocha faleceu no Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto de 1981.

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2 comentários sobre “Terra em Transe

  1. Querida Tati

    Fiquei em transe com o texto
    Acredite, não é um pretexto

    Terra em Transe é referência
    Cinema de minha preferência

    Glauber Rocha um visionário
    Tenho sua obra em relicário

    Deu até vontade de rever
    Paulo Autran se contorcer

    Obrigado pela pauta, de verdade
    Parabéns por sua produtividade

    Já espero pela próxima matéria…
    Tatiana é cultura, sem miséria!

    Um Beijo

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  2. Filme que marcou época e o cinema nacional. Glauber era Sensacional. Cinema é uma das minhas grandes paixões. E a história é totalmente atual. Todo mundo tem q. Ver e rever.

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