Parque Augusta aberto

Após anos de luta por inúmeras pessoas, residentes ou não, da região central da cidade de São Paulo, o Parque Augusta foi inaugurado no dia 6 de novembro de 2021, com o nome oficial de Parque Augusta – Prefeito Bruno Covas; tem 23 mil metros de área e fica entre as ruas Augusta, Consolação, Caio Prado e Marquês de Paranaguá. Diversas frentes auxiliaram para a abertura do local, como a Samorc  (Sociedade dos Amigos e Moradores do Cerqueira César), Aliados e Organismo Parque Augusta. Em 06.04.2019 ocorreu a assinatura do termo de transferência do terreno da rua Augusta onde foi construído o Parque Augusta com as presenças do Prefeito Bruno Covas, o Promotor Público Sílvio Marques, das construtoras Setin e Cyrela e representantes das entidades que lutaram pela viabilização do espaço.
Com a assinatura da escritura, a empresa doadora da área do Parque fez a contratação do Projeto Básico e Executivo do espaço, que deverá ter como base o Estudo Preliminar. O Estudo Preliminar para implantação do Parque Augusta foi desenvolvido por DIPO – CGPABI (Divisão de Implantação, Projetos e Obras da Coordenação de Gestão de Parques e Biodiversidade Municipal) entre os anos de 2017 e início de 2019 com base em 4 projetos apresentados pela sociedade civil, moradores da região e pelos movimentos em prol da sua implantação, cujo conteúdo foi sintetizado em um único desenho, o ‘Projeto Síntese’, que organizou as ideias e aspirações deste grupo para com o parque.

A foto retrata a árdua luta de diversas vertentes da população

A apenas um quarteirão da Praça Roosevelt, que conta com uma laje de concreto, sobre um túnel, com piso liso ideal para a prática de skate e patins, o Parque Augusta tem um bosque com centenas de árvores, gramados descampados e áreas sombreadas, parquinhos para crianças e cachorródromo. É um local de contemplação e atividades menos intensas. O piso drenante de pedregulho e areia convida a caminhadas mais lentas. Não tem pista de corrida nem de ciclismo e quem chega de bicicleta pode guardar o veículo nos bicicletários. Por outro lado, tem um redário; suportes com ganchos para pendurar a rede levada pelo frequentador – e muito espaço para piquenique sob as árvores. O intenso movimento do local mostra o quanto ele foi aguardado pelos moradores da região. No local contamos com o restauro da casinha do bosque.

O movimento de ocupação do Parque ocorreu durante 2010 para buscar a abertura real do local. A partir daí movimentos como oficinas, atividades artísticas e esportivas ocorreram como uma forma de luta pela realidade do Parque. Diversas pessoas passaram a frequentar o local por ser familiar, de fácil acesso e chamar atenção no meio de tantos prédios. O local chama a atenção por representar um contraste do urbano com o natural. Assim, o Parque é algo revolucionário, pois houve uma luta de diversas frentes para buscar o verde na cidade e não mais prédios. O movimento participou de vários acontecimentos em áreas verdes da cidade de São Paulo e após um ano já se consolidou no centro da capital. Considerado um verdadeiro Oásis na cidade ele funciona como ponto de encontro, relaxamento e tranquilidade entre a movimentada Rua da Consolação e Rua Augusta.

Foram registradas 21 espécies de aves silvestres sistematicamente distribuídas em 6 ordens e 12 famílias. Com base nas listas de espécies ameaçadas consultadas (item 2.2), não foram registradas espécies ameaçadas de extinção no local. O local onde foi implantado o Parque Municipal Augusta está inserido em uma área bastante urbanizada, por este motivo apresenta espécies comuns e menos exigentes. Entretanto, apesar da baixa riqueza de espécies observada no local, o ambiente evidencia a importância da manutenção das áreas verdes urbanas para a conservação da fauna silvestre na cidade. A área do Parque passou por forte luta de diversas frentes ambientais e logísticas a partir de Movimentos de Auto Gestão, que focaram no respeito e no reconhecimento da Autogestão/ocupação do Parque, que existiu para desapropriação da área, assim lutando contra a especulação imobiliária. O apelo da população foi forte e a Rede Novos Parques SP surgiu para levantar questões que auxiliam e buscam o fortalecimento do verde na cidade.

Flora e Fauna

Destaca-se, no Parque Augusta, um bosque heterogêneo tombado pela Resolução 23/2004 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Este bosque também é enquadrado como de preservação permanente pela Lei Municipal 10.365/1987, contando ainda com espécies arbóreas protegidas pelo Decreto Estadual 30.443/1989 que os considera patrimônio ambiental e imunes de corte.
No restante da área, onde se desenvolvia uma vegetação ruderal, foi implantado um amplo gramado, tendo sido mantidos os conjuntos arbóreos originais e criados setores com plantio de mudas de espécies arbóreas e ajardinamento. Um conjunto arbóreo composto por alfeneiro (Ligustrum lucidum), jambolão (Syzygium cumini), sagu-das-molucas (Cycas circinalis) e tamareira (Phoenix sp.) destaca-se próximo à Rua Caio Prado por ser ornamental. Foi preservada também, uma figueira-mata-pau (Ficus luschnathiana), espécie hemiepífita que se enraizou em trecho do muro histórico original do imóvel à Rua Augusta.

Bosque heterogêneo

Este bosque é tombado pela Resolução 23/2004 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, bem como é enquadrado como de preservação permanente pela Lei Municipal 10.365/87, por “constituir bosque ou floresta heterogênea que forme mancha contínua de vegetação superior a 10.000,00 m2 (dez mil metros quadrados); por se localizar em região carente de áreas verdes e por proteger sítio de excepcional valor paisagístico, científico ou histórico”. Além disso, a vegetação arbórea do Parque é protegida pelo Decreto Estadual 30.443 de 1989 que a considera patrimônio ambiental e declara imunes de corte os exemplares arbóreos.
Neste bosque, estão presentes espécies arbóreas nativas pioneiras como canelinha- cheirosa (Nectandra megapotamica), figueira-mata-pau (Ficus luschnathiana) e tapiá- guaçu (Alchornea sidifolia), espécies frutíferas como grumixama (Eugenia brasiliensis) e pitangueira (Eugenia uniflora) e a palmeira-jerivá (Syagrus romanzoffiana).
No entanto, são as espécies arbóreas exóticas que predominam como aglaia (Trichilia havanensis), alfeneiro (Ligustrum lucidum), falsa-seringueira (Ficus elastica), falso-pau- incenso (Pittosporum undulatum), jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosifolia), sibipiruna (Poincianella pluviosa var. peltophoroides) e tipuana (Tipuana tipu); frutíferas como abacateiro (Persea americana), amoreira-preta (Morus nigra), jambolão (Syzygium cumini), mangueira (Mangifera indica), nespereira (Eriobotrya japonica), uva-japonesa (Hovenia dulcis) e palmeiras como areca-bambu (Dypsis lutescens), palmeira-de-leque-da-china (Livistona chinensis), palmeira-seafórtia (Archontophoenix cunninghamiana), palmeira-washingtonia (Washingtonia sp.), tamareira (Phoenix sp.) e tamareira-das-canárias (Phoenix canariensis), além de gimnospermas como bunya-bunya (Araucaria bidwillii), cipreste (Cupressus sp.) e pinheiro (Pinus sp.).
Desta forma, no sub-bosque, encontramos jovens espécies nativas como alecrim-de-campinas (Holocalyx balansae), embaúba (Cecropia sp.), grumixama, ipê- amarelo (Handroanthus chrysotrichus), paineira (Ceiba speciosa), palmeira-jerivá, pitangueira e tapiá-guaçu mas, quantitativamente, são as mudas de espécies exóticas como abacateiro, alfeneiro, árvore-polvo (Schefflera actinophylla), cafeeiro (Coffea arabica), falso-pau-incenso, jambeiro (Syzygium jambos), mamoeiro (Carica papaya), nespereira, palmeira-de-leque-da-china e uva-japonesa que predominam.
Ainda no sub-bosque, ocorrem espécies herbáceas e arbustivas nativas como atroveram (Ocimum carnosum), calção-de-velha (Croton fuscescens), falsa-jurubeba (Solanum scuticum), maria-pretinha (Solanum americanum), além das exóticas dracena (Dracaena marginata), guiné (Petiveria alliacea), iúca (Yucca sp.), ocna (Ochna serrulata) e pau-d’água (Dracaena fragrans).

O solo do bosque encontra-se recoberto por densa serapilheira ou por populações de espécies forrageiras adaptadas às condições de sombreamento como capim-palmeira (Curculigo capitulata), espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), maranta-cinza (Ctenanthe setosa), trapoeraba (Tradescantia fluminensis), trapoeraba-roxa (Tradescantia zebrina) e samambaias. A presença da serapilheira e o solo protegido por vegetação são condições bastante favoráveis e necessárias à manutenção dos processos ecológicos que sustentam o bosque e devem ser preservadas.
No bosque, são destaques pelo grande porte que sobressai ao dossel, um indivíduo com cerca de 1m de DAP (diâmetro do tronco a altura do peito) da espécie nativa ameaçada cedro-rosa (Cedrela fissilis), uma faveira (Peltophorum dubium) com DAP de cerca de 50cm e uma embaúba (Cecropia sp.) com cerca de 15m de altura. Dentre as exóticas, destacam-se indivíduos de bunya-bunya (Araucaria bidwillii), conífera de grande porte originária da Austrália e parente do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) e o eucalipto (Eucalyptus sp.) que aromatiza as proximidades da casa do bosque na divisa com a PUC. Há ainda uma jaqueira (Artocarpus heterophyllus) escultural e uma bela população de monstera (Monstera deliciosa).

A proposta para o bosque prevê a preservação das mudas de espécies da Mata Atlântica como, por exemplo, alecrim-de-campinas, embaúba, jerivá, paineira e tapiá- guaçu, além de plantios de enriquecimento visando a diversificação da flora com espécies arbóreo-arbustivas nativas. Para tanto, as mudas de espécies exóticas
com potencial invasor como o cafeeiro, falso-pau-incenso, nespereira, palmeira-de-leque- da-china e palmeira-seafórtia presentes no sub-bosque necessitam ser manejadas. Por outro lado, embora a frequência de árvores em fase de senescência seja alta no bosque, devido à proteção legal da fauna adulta, o plano de manejo deve estabelecer um programa de longa duração que preveja a substituição paulatina das espécies exóticas por espécies nativas do Município de São Paulo, conforme vá ocorrendo a morte dessa vertente.



Vegetação na área aberta a pleno sol

Nas frestas de piso e entre pedriscos e britas encontramos espécies herbáceas ruderais que caracterizam uma vegetação antropizada como carrapicho (Desmodium sp.), erva- de-santa-luzia (Euphorbia hirta), guanxuma–preta (Sida rhombifolia), perpétua-do- campo (Alternanthera tenella), pulguinha (Talinum paniculatum), diversas Asteraceae como arnica-do-mato (Porophyllum ruderale), picão (Bidens pilosa), serralha (Sonchus oleraceus), Tridax procumbens e Poaceae como braquiarão (Urochloa brizantha), capim-colonião (Megathyrsus maximus), grama-coreana (Zoysia matrella) e pastinho- de-inverno (Poa annua), além de espécies fugidas de cultivo como boldo-gambá (Plectranthus sp.).
Ainda, nessa área, encontram-se, desenvolvendo espontaneamente, espécies arbóreas como as nativas pioneiras aroeira-mansa (Schinus terebinthifolia) e tapiá-guaçu, assim como uma figueira-mata-pau (Ficus luschnathiana), espécie hemiepífita que se enraizou em trecho do muro histórico original do imóvel. Abundantes são as mudas de espécies exóticas de comportamento invasor como alfeneiro, amoreira-preta, ipê-de- jardim (Tecoma stans), jacarandá-mimoso e jambolão que deveriam ser objeto de ações de manejo.
Por outro lado, setores junto à Rua Augusta, à Rua Marquês de Paranaguá e à Rua Caio Prado receberam plantio de mudas de espécies como ipê amarelo (Handroanthus chrysotrichus), ipê-roxo (Handroanthus cf. heptaphyllus), mirindiba-rosa (Lafoensia glyptocarpa), pau-brasil (Paubrasilia echinata), quaresmeira (Pleroma granulosum), sabão-de-soldado (Sapindus saponaria) e sibipiruna.
Um conjunto arbóreo composto por alfeneiro, jambolão, sagu-das-molucas (Cycas circinalis) e tamareira (Phoenix sp.) destaca-se próximo à Rua Caio Prado por ser ornamental.
Como proposta para o paisagismo e ajardinamento dessa área a pleno sol, considerando que ambientes de campo são ecologicamente tão importantes quanto às florestas e visando reconstituir a fisionomia dos Campos de Piratininga, vegetação original sobre a qual a cidade de São Paulo se expandiu, seria interessante priorizar o uso de espécies campestres da flora nativa do município. Esse projeto deveria contemplar e superar as importantes funções atualmente desempenhadas pelas espécies subespontâneas braquiarão e capim-colonião que oferecem alimento para a fauna local, objetivando ampliar esses benefícios, por exemplo, propiciando a diversificação das espécies que possam vir a desempenhar essa, além de outras funções, o que favoreceria a atração de novas espécies da fauna para o local.
Além disso, a diversificação biológica, tanto no bosque como nas áreas abertas, em longo prazo, favoreceria a redução da disseminação da hemiparasita erva-de-passarinho, bastante presente nas copas das árvores, e das espécies invasoras.

O local é considerado uma conquista, após cerca de 20 anos de luta, pois esteve nas mãos de uma construtora. Porém, após um acordo o local virou público e a partir de então o bem-estar da região passou a ser aberto para a população. O Parque conta com uma bela equipe de trabalho e isso faz toda a diferença para a manutenção do ambiente pleno para uso. Logo, ele já conquistou o coração das pessoas e a tendência é de constante frequência.

Fontes: Portal Cidade de São Paulo-Verde e Meio Ambiente e Youtube;


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